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Falha com segurança deve custar ao governo mais que dobro do valor previsto

A três dias da abertura oficial da Olimpíada, o governo federal ainda tenta resolver a confusão criada com a desistência da empresa Artel Recursos Humanos, de Santa Catarina, de fazer a revista nos acessos às áreas de competição e convivência dos Jogos.

O Ministério da Justiça afirma que, nesta quarta-feira (3), 3.400 policiais e bombeiros aposentados já estarão no Rio para atuar na revista dos acessos às áreas olímpicas, além do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. A inclusão dos pontos turísticos foi pedido do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Para isso, utilizarão 50 detetores que estão sem uso no Ministério da Justiça, em Brasília.

Toda essa mobilização deve custar em diárias ao governo cerca de R$ 38 milhões, segundo cálculo da Folha. Não está contabilizado o período da Paraolimpíada.

Cada um dos recrutados receberá diária de R$ 560,5 até o dia 22 de agosto; os funcionários da Artel receberiam R$ 26 por dia.

O resultado da multiplicação, dias de trabalho, pela remuneração e número de agentes, considerando a promessa do governo deste efetivo chega ao valor de cerca de R$ 38 milhões. Há ainda despesas de passagens aéreas e terrestres a serem contabilizadas.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, no entanto, diz que o gasto não passará de R$ 20 milhões.

Vencedora da licitação fechada há um mês para os Jogos, a Artel Recursos Humanos receberia R$ 17,3 milhões para fornecer até 5.000 homens que cuidariam dos raios-X, dos detetores de metal e da revista de bolsas nas áreas de acesso às competições. A Artel pedira um acréscimo de R$ 2 milhões para contratar as pessoas.

Como não foi capaz de cumprir o contrato -segundo o governo, a empresa apresentou apenas 527 dos homens previstos-, a Artel teve de ser substituída pelos PMs e pelos bombeiros inativos, que estão sendo selecionados pela Força Nacional.

O ministro informou que abriu um processo administrativo contra a companhia, que, segundo ele, será multada e impedida de participar de futuras licitações com o governo federal.

Os policiais e os bombeiros ainda estão sendo orientados a trazer colchões, já que ficarão no conjunto do Minha Casa, Minha Vida onde estão hospedados os militares.

“Todo o cronograma de segurança foi cumprido. Já temos todos os 3.400 e até amanhã todos estarão treinados e operando. Teremos até uma segurança maior, já que são policiais”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes.

Nesta terça (2), a falta de pessoal causava filas nos acessos ao Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

Nas Paraolimpíadas, o valor da diária volta ao normal do servidor público, que é de R$ 224,20. A informação consta do Diário Oficial da União, em sua edição de 15 de julho.

Há a possibilidade, também de que seja feito um acordo com a pasta, de desmobilização de parte do efeito, com o argumento de que a demanda pode ser diferente – o que economizaria mais dinheiro público. A Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos também diz que o valor exato só vai ser fechado após os Jogos.

HOMENS EM FALTA
A comunicação da Artel ao governo federal, na quinta-feira (28), de que não conseguiria contratar pessoal para o uso de detetores e controle dos pórticos levou a Sesge (Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos) a propor ao Comitê Rio-2016 a divisão da coordenação dos acessos. Parte ficaria com o governo federal e outra com o comitê. O plano inicial de segurança era que essa operação seria toda de responsabilidade da Sesge.

A Folha apurou que o comitê recusou a proposta por falta de dinheiro e por não conseguir contratar mais de mil pessoas em uma semana. Então, se fez um acordo em que o centro de mídia e a Vila dos Atletas ficassem com a empresa Sunset, contratada pelo comitê organizador até o fim da Olimpíada, em 21 de agosto. O governo federal diz que cumprirá a revista nas outras áreas olímpicas.

A Artel propôs ficar com parte da operação para colocar os 527 funcionários contratados para trabalhar, mas Moraes rechaçou a ideia.
O representante da Artel, Deivison Scheffer Jacinto, 25, que assinou contrato com o governo, não foi encontrado para comentar o assunto.

Os funcionários que foram contratados ainda não receberam pelos dias trabalhados e não foram avisados definitivamente sobre o fim do contrato.

UOL

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
CAMILA MATTOSO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

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