Polícia

Motos são alvo preferencial de bandidos, diz polícia

Veículos são usados para assaltos ou em assassinatos

8868_motos-capaDe cada dez veículos furtados ou roubados no Pará, nove são motocicletas, usadas em assaltos ou assassinatos, pois permitem um rápido deslocamento e fugas por rotas de difícil acesso. E, para roubar motos, os ladrões preferem agir no final da tarde e à noite, principalmente quando os motociclistas circulam por áreas com pouco movimento de pessoas. Ao revelar, estatisticamente, a preferência dos bandidos pelas motocicletas, a delegada Socorro Bezerra, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DRFVA), unidade vinculada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado, da Polícia Civil, afirma também que, no Estado, é de 70% o índice de recuperação de veículos (carros e motos) furtados e roubados. Por serem usados em assaltos, esses veículos são abandonados um ou dois dias após o crime e são localizados pela PM durante o patrulhamento nas ruas. A diferença entre furto e roubo é que o primeiro é praticado sem o emprego de violência.

O problema é localizar carros e motos que não são logo abandonados. Como se sabe, muitos desses veículos são levados para o interior do Estado e, em muitos casos, jamais vão ser localizados. Outros são desmanchados e têm suas peças revendidas. O advogado Celso Ribeiro Júnior, 25 anos, tomou uma decisão depois de ter sua moto roubada por dois bandidos: vendeu o veículo. E, agora, só anda de carro. Por causa da facilidade de estacionamento, ele preferiu, à época, ir de moto para o estádio Mangueirão. Na saída, quando estava na rodovia Augusto Montenegro, foi abordado por dois homens, às 22 horas. Um deles anunciou o roubo: “Passa a moto e não reage, senão te dou um tiro no peito”. E mostrou a arma de fogo. Detalhe: a dupla chegou ao local também em uma moto, que, descobriu-se depois, fora tomada de seu proprietário meia hora antes.

Celso registrou a ocorrência na Seccional da Marambaia. Ele anotou a placa da moto na qual os bandidos fugiram e, assim, os policiais iniciaram as investigações. Dois dias depois, sua moto foi localizada no Paar, em uma área usada para o desmanche de veículos. Havia outras motos no endereço. Até o dia do roubo, em novembro de 2011, o advogado já usava moto fazia cinco anos. Depois desse episódio, e por saber que as motos são muito visadas pelos bandidos, e para evitar passar novamente pela mesma situação, resolveu vender a sua motocicleta.

O que fazer?

Ao ter um veículo levado pelos ladrões, é importante que a vítima faça a comunicação policial o quanto antes. A demora para o registro é boa para os criminosos. “Se a pessoa demora dois ou três dias para fazer essa comunicação, eles (os criminosos) já podem ter tirado o veículo do Estado”, diz a delegada Socorro Bezerra. Ela explica que o primeiro passo é ligar logo para o Centro Integrado de Operações (Ciop), pelo número 190, que irá repassar essas informações (as características do veículo roubado) aos policiais militares que fazem o policiamento ostensivo nas ruas. Nesse caso, a vítima também solicita ao servidor do Ciop que faça o “bloqueio” no alerta do Detran.

 

Isso significa que, durante 72 horas (três dias), o veículo constará no sistema como furtado ou roubado. Isso porque, explica a delegada, os veículos de menor porte (os particulares, de passeio) são abandonados em até dois dias após serem tomados de seus proprietários. Se, antes das 72 horas, a pessoa conseguir recuperar seu veículo, basta ir à delegacia e comunicar que já está de posse de seu carro. Nesse caso, é feito um aditamento (acréscimo) ao Boletim de Ocorrência. Mas se, após esses três dias o veículo não for localizado, a pessoa é obrigada a fazer um Boletim de Ocorrência, solicitando o “bloqueio” do veículo. A informação de que aquele carro foi furtado ou roubado constará do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp), da Polícia, e do Sistrânsito, do Detran.

Esse bloqueio pode ser feito em qualquer delegacia. Mas a “baixa”, no entanto, só poderá ser realizada na DRFVA. Baixa é o procedimento para que seja retirada do sistema a informação de que aquele veículo foi furtado ou roubado. “Todas as ‘baixas’ no Pará só são autorizadas pelo delegado titular da DFV”, diz a delegada Socorro. DFV é como essa unidade especializada é mais conhecida por todos. O procedimento é o seguinte: ao encontrar seu veículo, a pessoa tem que imediatamente apresentá-lo em uma unidade policial, onde o delegado fará um BO comunicando a recuperação do veículo.

 

A autoridade policial também fará o auto de apreensão, o auto de entrega para o proprietário e mandará esse veículo para a perícia, que irá atestar se o carro ou a moto não sofreu adulteração de chassis e motor. “A ‘baixa’ só pode ser feita mediante apresentação formal do veículo em uma unidade policial e depois de periciado”, afirma a delegada. Se não der baixa, o veículo continuará constando, nos sistemas da Polícia e do Detran, como sendo produto de furto e roubo, o que seguramente poderá gerar muito constrangimento para quem estiver conduzindo-o, caso, por exemplo, seja parado em uma blitz policial ou daquele órgão de trânsito.

Interior

Para combater o furto e roubo de veículos, e para tentar localizar aqueles cujo paradeiro é desconhecido, os policiais da DRFVA realizam operações nos municípios do interior do Estado. A cada semana, um município é escolhido para ser alvo da ação dos agentes. Outra frente de atuação é fiscalizar sucatas e lojas de peças de veículos. No mês passado, os policiais fiscalizaram lojas no bairro da Pedreira e flagraram, em dois estabelecimentos, veículos sendo desmanchados, o que a lei considera como crime. Essa ação ocorreu no dia 13 de agosto, quando os policiais da DRFVA apreenderam três veículos alienados, que estavam parcialmente desmanchados. Os carros estavam em frente a dois pontos de venda de autopeças, no bairro da Pedreira, em Belém. Dois funcionários das lojas foram presos e autuados pelo crime. Os policiais civis perceberam a exposição de vidros de janela de carros no meio-fio da avenida Pedro Miranda, próximo à avenida Doutor Freitas, em uma área repleta de pontos de venda de peças de carros.

 

Ao verificar a numeração dos vidros, que deveria ser a mesma do chassi, os investigadores constataram que os números não batiam. Na verificação da procedência dos carros, os policiais apuraram que se tratavam dos chamados veículos alienados, que estão com impedimento legal de venda, pois pertencem aos bancos responsáveis pelo seu financiamento “Desmanchar veículo financiado é crime. Quando se financia um veículo, não se pode vendê-lo para terceiros sem o consentimento do banco que o financiou. E muito menos desmanchá-lo para vender suas peças”, diz. Provisoriamente, a DRFVA está funcionando na avenida Mário Covas, número 50, no prédio da Superintendência Regional Metropolitana.

 

Números divulgados pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), que utiliza como base dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), mostram um cenário preocupante. Entre janeiro e junho deste ano, 1.256 veículos foram roubados diariamente, em todo território nacional – algo em torno de 38 mil ocorrências mensais. Se este cenário se repetir nos próximos seis meses, deve-se fechar 2013 com mais de 458 mil casos. Ainda segundo o CNseg, dos 229.280 mil automóveis roubados até junho de 2013, o Sudeste concentra, em média, 63,43% das ocorrências, seguido do Sul (14,65%), Nordeste (10,69%), Centro-Oeste (7,88%) e Norte (3,35%).

Texto: Dilson Pimentel (O Liberal)

 

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