Polícia

XINGUARA: Mulher foi espancada pelo marido em pelo dia das Mães, o caso tomou repercussão a nível nacional

Uma enfermeira de Xinguara foi espancada no dia das Mães, o agressor foi interrogado pelo delegado e se manteve em silencio, e foi liberado em seguida por não estar mais em flagrante.

O caso aconteceu em Xinguara no sudeste do Pará, em pleno dia das Mães a enfermeira Kamila Ariane Morares Silva, foi brutalmente espancada pelo marido Jonas Matiole da Silva, o qual ela vivia em união estável há 3 anos, e com ele teve um filho, hoje com 2 anos de idade. Um dia que seria especialmente reservado para o carinho, dia escolhido para as Mães, mas para Kamila foi um dia de um trauma profundo.

Jonas e Kamila saíram na noite de sábado 7, para uma festa, provavelmente para iniciarem a comemoração do sagrado segundo domingo de maio, mas em um determinado momento, Jonas teve uma crise de ciúmes da esposa, acusando-a de estar conversando em códigos com um amigo dele, o que segundo a Kamila, nunca aconteceu, a suspeita do agressor, foi o suficiente para tornar-se em uma tragédia.

Segundo informações contidas no B.O – Boletim de Ocorrência registrado na delegacia de Polícia Civil de Xinguara, pela própria vítima, o marido que, já possuí histórico de agressões contra outras mulheres, ao começar a discutir chamou-a para irem para casa.

As agressões começaram dentro do carro do casal, a esposa disse que começou a ser agredida por socos, tapas e teve seu cabelo puxado até sangrar. Após chegarem em casa as agressões continuaram, a esposa relatou em seu depoimento que, durante as diversas agressões, ela foi enforcada e que o agressor pegou seu aparelho celular e desligou para que sua família não conseguisse fazer contato.

Kamila disse que, Jonas a manteve trancada em casa até por volta das 14:00hs do domingo, pois pretendia tira-la da cidade para ninguém ver a situação que ela ficou após as agressões. Segundo os relatos no B.O, Kamila só conseguiu escapar de casa porque o marido dormiu, momento em que ela aproveitou para pegar seu celular, sair de casa e pedir ajuda para sua família. No B.O, Kamila pediu MEDIDA PROTETIVA URGENTE.

Jonas Matiole da Silva, acusado por infringência a LEI 11.340 “Maria da Penha”, criada para prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, se apresentou na delegacia de Polícia Civil de Xinguara, na segunda-feira 9, acompanhado pelo advogado Cleomar Coelho, foi ouvido pela autoridade policial e usou da prerrogativa de se manter em silencio, após ser interrogado foi liberado por não estar mais em condições de flagrante.

Jonas Matiole da Silva/Foto: Divulgada na imprensa.

O advogado de Jonas, Dr. Cleomar Coelho, ao ser perguntado pela nossa reportagem sobre seu cliente, disse que, “por enquanto não tenho condições de passar informações referente ao que aconteceu, tendo em vista que ele ficou em silêncio, no entanto, posso falar sobre a parte processual, caso tenha alguma pergunta”, disse.

Sobre o processo o advogado disse que, “pelo que percebi, existe uma medida protetiva de urgência em desfavor do meu cliente, ele não poderá ter ou manter contato com a ofendida ou familiares, deve ficar afastado por no mínimo 300 metros”, afirmou.

O caso tomou repercussão nacional e foi parar no Projeto Justiceiras que já está tomando todos os procedimentos legais para amparar mais essa vítima.

Projeto Justiceiras

O Projeto “Justiceiras” foi desenvolvido com o objetivo principal de facilitar o acesso ao Sistema de Justiça, e à rede de proteção voltado a todas meninas e mulheres em situação de violência e vulnerabilidade no Brasil, ou brasileiras no exterior. Já, há algum tempo, debatia-se sobre a inexistência de atendimento online para mulheres em situação de violência. Mas foi durante a Pandemia da Covid 19, no início de março de 2019, que ficou nítida a necessidade do desenvolvimento de um canal de denúncias online, rápido e eficaz, além de sistema de atuação em rede multidisciplinar para prevenir e combater todas as formas de violência de gênero e garantir o acesso ao Sistema de Justiça, sem precisar sair de casa.

Exatamente para suprir a necessidade, a Promotora de Justiça Gabriela Mansur e fundadora do “Instituto de Saia”, com sua experiência de mais de 20 anos na área, idealizou o projeto e com o apoio dos Institutos Nelson Wilians e Bem Querer Mulher, foi possível unir forças para a implantação e desenvolvimento do projeto JUSTICEIRAS.

Em 2015, o Brasil foi considerado o quinto País do mundo com o maior número de feminicídio, desde então as autoridades tem observado o crescimento de número denúncias de violência contra a mulher, principalmente no período de isolamento domiciliar, causado para evitar a proliferação do vírus da Covid 19.

O Estado brasileiro tem se mostrado sistematicamente incapaz de observar o crescimento relativo ao índice de violência contra a mulher. Só em 2020, foram registradas 105.821 denúncias de violência contra a mulher, número que corresponde cerca de 12 denúncias por hora. Atualmente esse número tem crescido assustadoramente, onde fica a garantia constitucional ao direito à vida, à segurança, à saúde, à liberdade e à propriedade? Esse tema dever ser tratado com propriedade pelos governos federal, estadual municipal, e nos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo